Jogos em blockchain e NFTs permitem que jogadores virem investidores | Jogos
Os mercados de videogames e de criptomoedas são aparentemente distintos e sem nenhuma relação direta. Uma coisa que os dois têm em comum é o crescimento assustador desde o final de 2020. A indústria dos games prospera, valendo centenas de bilhões de dólares, enquanto as criptomoedas chegaram a capitalizar mais de US$ 2 trilhões no auge dos preços. Agora, a tecnologia blockchain e os NFTs parece estar unindo esses dois setores em iniciativas que prometem transformar jogadores em investidores e criadores de ativos digitais.
Criptomoedas e jogos crescem rapidamente
A indústria de jogos é avaliada em pelo menos US$ 160 bilhões atualmente, com perspectivas muito positivas que levariam esse valor até os US$ 300 bilhões nos próximos cinco anos. Isso acontece pela crescente adesão de novos jogadores, principalmente no setor mobile, que tornou a atividade mais acessível e prática, contabilizando 2,5 bilhões de players no mundo todo em 2020.
Já as criptomoedas bombaram em 2021 como ativos digitais especulativos que operam com preços extremamente voláteis. O bitcoin (BTC), a principal moeda do mercado, abriu o ano em US$ 29 mil, mais que dobrou o seu valor até abril e registrou o atual recorde de US$ 64 mil. Porém, agora é negociado abaixo dos US$ 40 mil, com muita resistência de valorização.
Jogos em blockchain: o que significa?
As criptomoedas têm muito mais a oferecer do que simples investimentos (por mais bilionários que eles sejam). A tecnologia por trás delas, o blockchain, abre novas portas em praticamente todos os setores digitais, e os desenvolvedores de jogos já perceberam isso. Em 2017, o game CryptoKitties foi o primeiro a introduzir o uso da criptografia através de NFTs, ou tokens não fungíveis, que funcionam como ativos digitais únicos e colecionáveis.
O jogo foi criado dentro do blockchain da Ethereum, responsável também pela criptomoeda ether (ETH) e a mais popular rede para contratos inteligentes, NFTs e finanças descentralizadas (DeFi). Nele, usuários podem criar gatos digitais, pets customizáveis e únicos, que então são transformados em tokens e se tornam ativos digitais eternos e imutáveis na internet. Um desses animais virtuais chegou a ser vendido em 2018 por US$ 172 mil. Mesmo datado, o game ainda movimenta mais de US$ 30 mil em transações todos os dias.
NFTs proporcionam capitalização de recursos in-game
Se um jogo tão simples como criar um gato virtual conseguiu (com bastante sucesso) prosperar como uma espécie de investimento descontraído e digital, muitos outros desenvolvedores se voltaram a essa tecnologia para criar algumas coisas mais inovadoras.
“Você tem 2,6 bilhões de pessoas que jogam videogames e milhares de estúdios que os fazem… Nos videogames, a tokenização é um conceito antigo já. Os fundadores da Blockchain Capital tiveram grande sucesso negociando ativos digitais no Second Life. Eles então usaram essa experiência para identificar o valor em uma nova moeda digital, o bitcoin, e investiram pesadamente nela”, diz Josh Chapman, sócio-gerente da empresa de esportes eletrônicos e videogame Konvoy Ventures, ao VentureBeat.
Além da capitalização de recursos dentro dos jogos pelos próprios jogadores, outro movimento crescente é a descentralização dessas produções. Por exemplo, jogos populares de consoles atuais têm todos os seus dados e recursos centralizados em uma única produção que pertence geralmente a uma empresa. Com a chegada do blockchain no desenvolvimento de jogos, os itens, modelos, animações, mapas e uma infinidade de elementos digitais não são restritos ao jogo em si, mas sim ao jogador que detém o NFT equivalente ao objeto.
Jogadores se tornam investidores
“Alguns desses ativos no jogos podem custar milhares de dólares cada, com base na escassez”, disse Craig Russo, diretor de inovação da Polyient Games. “É atrelar sua espada ou arma in-game ao blockchain, permitindo que você a possua de fato, tire-a do jogo, e a venda no mercado aberto com lucro”.
“As pessoas gastam muito dinheiro em jogos. Quando eles acabam o jogo, o fluxo de dinheiro acaba. Seu investimento acabou”, disse Gabe Leydon, ex-CEO da Machine Zone. Por exemplo, jogadores compram itens in-game, pagam assinaturas, DLCs e muito mais. Mas todos esses são produtos consumíveis, exatamente o contrário do conceito de “token não fungível” que forma a nova base dos jogos em blockchain.
“Portanto, se as pessoas estão dispostas a gastar tanto dinheiro em algo que não possui mais valor quando se para de jogar, o que aconteceria se eles pudessem vender o que compraram? Isso mudará toda a natureza dos videogames. Eles não vão gastar mais, vão estrar investindo”, concluiu Leydon.
Com informações: VentureBeat