Jovem canta ponto de Exu durante pregação evangélica no trem no Rio de Janeiro; vídeo
No último dia 21 de março, um vídeo começou a circular na web, mostrando um jovem interrompendo uma pregação evangélica com uma música da Umbanda, religião afro-brasileira, dentro de um trem da SuperVia, que estava indo em direção à Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A música entoada pelo jovem fazia referência a Exu e Pombagiras, ambos cultuados pelas religiões de matriz africana.
O vídeo gerou um grande debate nas redes sociais. Algumas pessoas concordaram com a atitude do jovem, enquanto outras acharam que foi uma falta de respeito com o pregador. Uma internauta escreveu: “Falta de respeito com o pastor, ele fez para implicar! Que Deus perdoe ele”. Outra pessoa comentou: “Até quando teremos que aguentar pregações de religião dentro dos vagões? Todos sabem que não podem, mas não tem fiscalização”.
A SuperVia, companhia operadora de transporte ferroviário, emitiu uma nota afirmando que apoia a diversidade, mas que a realização de cultos religiosos é proibida dentro dos trens da SuperVia por determinação do Tribunal de Justiça, em uma ação movida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
O debate gerado pelo vídeo mostra como a religião ainda é um tema sensível e controverso em nossa sociedade. A liberdade religiosa é um direito garantido pela Constituição brasileira, mas muitas vezes é usada como desculpa para desrespeitar as crenças e práticas religiosas de outras pessoas.
A Umbanda é uma religião de matriz africana que tem como principal característica a incorporação de espíritos, muitas vezes identificados como Exu e Pombagiras. Esses espíritos são cultuados como intermediários entre os seres humanos e os orixás, divindades africanas. Apesar de ser uma religião reconhecida pelo Estado brasileiro, a Umbanda ainda é alvo de preconceito e discriminação.
O fato de o jovem ter cantado uma música da Umbanda em um trem lotado pode ser interpretado como uma forma de protesto contra a predominância das religiões evangélicas no transporte público do Rio de Janeiro. Muitas vezes, os passageiros são obrigados a ouvir pregações religiosas sem terem a opção de escolher outra coisa para fazer.
No entanto, o fato de o jovem ter interrompido a pregação evangélica pode ser visto como uma falta de respeito com o pregador e com os passageiros que estavam ouvindo a pregação. A liberdade de expressão é um direito importante, mas não pode ser usada como desculpa para desrespeitar os direitos e as crenças dos outros.
É importante lembrar que a diversidade religiosa é um fato incontestável em nossa sociedade. O Brasil é um país plural, com muitas crenças e religiões diferentes convivendo em harmonia. É preciso respeitar as diferenças e conviver pacificamente, sem impor nossas crenças e práticas religiosas aos outros.
— CHOQUEI (@choquei) March 21, 2023
