Internada para remover miomas no útero, passista da Grande Rio tem braço amputado
A história da passista da Acadêmicos do Grande Rio e trancista Alessandra dos Santos Silva é uma triste demonstração de como um procedimento médico pode mudar completamente a vida de alguém. Alessandra foi internada para a retirada de miomas no útero e teve alta dias depois com parte do braço esquerdo amputado. Essa situação está sendo investigada pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio e pela Polícia Civil.
O sofrimento de Alessandra começou em agosto de 2022, quando ela começou a sentir dores e sangramentos. Exames apontaram miomas no útero e recomendaram a retirada imediata. Em janeiro de 2023, ela recebeu uma ligação do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, convocando-a para a cirurgia.
No mês seguinte, Alessandra se internou e foi operada pela manhã. À noite, médicos detectaram uma hemorragia e o hospital avisou à família que teria que fazer em Alessandra uma histerectomia total, a retirada completa do útero. Quando seus parentes foram visitá-la, ela estava intubada e com as pontas dos dedos esquerdos escurecidas, além de braços e pernas enfaixados. Segundo a mãe, falaram que a paciente “estava com frio”.
Depois disso, a família foi informada de que Alessandra, ainda intubada, teria que ser transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), em Botafogo. Segundo parentes, o braço da passista estava praticamente preto. Um médico lhes disse que iria drenar o braço, “que já estava começando a necrosar”.
O Iecac informou que a drenagem não deu certo e que “ou era a vida de Alessandra, ou era o braço”, porque a necrose iria se alastrar. A família autorizou a amputação e a cirurgia foi feita, mas o estado da mulher se agravou, com o rim e o fígado quase parando e com risco de uma infecção generalizada.
Em meados de fevereiro, Alessandra foi extubada e recebeu alta. No final do mês, a mulher voltou ao Iecac para a revisão da cirurgia de amputação. Segundo sua mãe, o médico se assustou com o estado dos pontos na região abdominal e recomendou que elas voltassem ao Heloneida Studart.
Após ser recusada em diferentes hospitais, Alessandra foi internada no Hospital Maternidade Fernando Magalhães e transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, onde conseguiu fazer o procedimento e recebeu alta dias depois.
A família da passista também diz que ela só está viva graças à ajuda dos amigos, que foram incansáveis. “A gente correu muitos hospitais para tentar que ela entrasse, mas todos alegaram que ela tinha que voltar para o lugar onde ela passou pela cirurgia”, disse Lukas Matarazzo. Mas a família não quis retornar para o Heloneida Studart e só conseguiu a vaga na rede municipal.