Irmão de Suzane Richthofen transforma herança de R$ 10 milhões em dívidas
O caso de Suzane von Richthofen abalou o Brasil em 2002, quando ela foi condenada a 40 anos de prisão pelo assassinato de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, em busca da herança familiar. No entanto, duas décadas depois, a atenção volta-se para o destino dessa herança, nas mãos do irmão de Suzane, Andreas von Richthofen.
Após o crime hediondo, Andreas von Richthofen buscou impedir que sua irmã recebesse parte da herança dos pais. Em uma batalha judicial que durou quatro anos, Andreas conquistou o direito de herdar todo o espólio avaliado em quase R$ 10 milhões. Este incluía carros, terrenos, seis imóveis, destacando-se a mansão onde o duplo homicídio ocorreu.
No entanto, 20 anos após a calamidade, Andreas von Richthofen enfrenta desafios inesperados em relação à herança. Em meio a 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de IPTU e condomínios atrasados, totalizando um débito de aproximadamente R$ 500 mil, a estabilidade financeira e patrimonial da família von Richthofen está ameaçada.
Duas das propriedades herdadas por Andreas, localizadas no bairro Campo Belo, já foram alvo de usucapião, um fenômeno jurídico que pode levar à perda de propriedade por posse prolongada sem oposição. No entanto, a situação é mais complexa do que apenas as invasões. A prefeitura de São Paulo e do município de São Roque processam Andreas por dívidas de IPTU, colocando em risco a propriedade em questão.
Um dos imóveis em situação crítica é a residência da Rua Barão de Suruí, avaliada em R$ 1 milhão, que já foi invadida por falsos sem-teto devido ao abandono. Este cenário é repetido em outras propriedades, incluindo a morada na Rua República do Iraque, onde funcionava a clínica da psiquiatra Marísia von Richthofen. Andreas, apesar de ter morado no local por alguns anos, não demonstra interesse em manter essas propriedades, o que pode levar a desfechos indesejados.
Amigos relatam que Andreas von Richthofen não tem a intenção de se desfazer dos bens, considerando-os uma forma de preservar a memória de seus pais. No entanto, o medo de que Suzane acesse esses bens persiste, pois, como único herdeiro sem cônjuge ou filhos, Andreas teme pela possível sucessão de sua irmã.
Inclusive, Andreas chegou a residir no imóvel por alguns anos, época em que cursava Farmácia e Bioquímica na Universidade de São Paulo, entre 2005 e 2015. Esse período inclui um doutorado realizado por ele em Química. Conforme vizinhos, o jovem reunia amigos e fazia festas esporádicas na morada com outros estudantes mantendo o som alto até a madrugada. No entanto, os vizinhos de porta nunca se questionaram do barulho. “Esse garoto era tão triste que não tínhamos coragem de reclamar quando ele estava se divertindo com os amigos”, disse a dentista Olívia Massaoka, vizinha de porta da casa da República do Iraque.
Outro vizinho de Andreas na República do Iraque é o empresário Allan Zurita. De acordo com ele, o rapaz alternava momentos em que se apresentava bem vestido e comunicativo e outros em que mal falava “bom-dia” e andava com a mesma roupa por até uma semana. Zurita já impediu duas vezes que a residência ao lado fosse invadida. Para não passar a impressão de que o imóvel está abandonado, o empresário pega os boletos deixados pelos carteiros na caixa de correios e paga a conta da luz. Ele também manda limpar o mato que cresce nos buracos da calçada e rente ao portão. “Minha intenção é comprar a casa dele, mas ninguém consegue localizá-lo para fazer a oferta”, declara Zurita.
Agora, precisando enfrentar mais de 20 processos dos bens que herdou, Andreas sumiu e, conforme testemunhas próximas ao rapaz, ele está tomado pela tristeza.
Até o momento, a suspeita é de que Andreas esteja em um sítio em São Roque, interior de São Paulo, que também fazia parte da herança deixada pelos pais.